Luta pela relevância é marca da nova organização do trabalho

Uma revolução na organização do trabalho está em curso. A Pandemia do Coronavírus, que ainda nos assola, mas que teve seu pico entre 2020 e 2021, funcionou como um potente acelerador de um processo que já se desenhava há pelo menos 15 anos e que se convencionou chamar de quarta revolução industrial.

Momentos históricos são sempre muito difíceis de analisar enquanto são vividos. Mesmo assim, algumas tendências já podem ser claramente percebidas. Há uma importante somatória de elementos em jogo.

As pessoas estão assombradas com a crescente irrelevância que passam a ter, cada vez mais, no sistema de produção.

Em todas as áreas, pessoas têm despertado para a assustadora realidade de que os robôs, as máquinas, a inteligência artificial e os algoritmos podem facilmente fazer igual ou melhor a maior parte das tarefas hoje realizadas por humanos.

Porém, por mais concreto e perceptível, isso ainda é uma sombra que, embora já seja sentida, ainda não tira o sono da maioria de nós, principalmente dos que se mantêm ocupados.

O que está mais palpável em nosso dia a dia é a aplicação da tecnologia para realização de reuniões virtuais e trabalhos colaborativos em rede, independentes da proximidade física.

Esta realidade passou a ser vivenciada por um número crítico de pessoas devido à necessidade do isolamento social. Uma vez experimentado, é um caminho sem volta.

As novas gerações não abrem mão de trabalhar no sistema remoto ou, ao menos, híbrido.

De maneira incompreensível para gerações mais antigas, tem sido comum a recusa de oportunidades de empregos que antes eram considerados irrecusáveis, pelo simples fato de exigirem presença física.

Este comportamento está ligado a um outro aspecto. A maneira com que as pessoas estão se comunicando nas redes sociais e o aumento crescente das informações trouxe uma despertar coletivo para a busca de realização e propósito.

Pessoas estão valorizando a maneira com que gastam seu tempo e exigindo um reconhecimento pleno de sua dignidade pessoal.

O tardio despertar das empresas para políticas de compliance, inclusão e diversidade são também uma resposta a este movimento. Neste novo cenário, não há qualquer espaço para racismo, sexismo e discriminações por orientação sexual.

Tudo está interligado e ainda há outros elementos nesta geleia geral. Este caldo de cultura é a semente de uma nova sociedade.

A luta contra a irrelevância leva à busca por trabalhos mais humanos.

Hobbies são elevados a ocupações mais “sérias”, o mundo discute semanas de trabalho mais curtas, o Vale do Silício passa a falar de renda mínima universal.

Os operadores do Direito do Trabalho devem assistir a tudo isso de forma muito atenta.

Estamos sendo chamados para entrar neste jogo no qual as regras ainda não foram totalmente escritas. Porém, já podemos vislumbrar a essência delas emergindo.

O empresário que não conseguir se adaptar tende a ficar obsoleto mais rápido.

Foi-se o tempo em que a subordinação de uma carteira assinada e o poder empregatício dela derivado eram suficientes. É preciso conquistar e reconquistar as mentes e corações das pessoas.

Agora todos, cada um de seu lugar, estão lutando contra a irrelevância.

Precisamos estar atentos, pois em nossa sociedade o papel mais importante para a dignidade das pessoas não é o de consumidores de produtos, serviços ou informações, mas o papel de produtores, como defende o professor de filosofia política da Universidade Harvard Michael J. Sandel.

A luta das empresas e pessoas para continuarem produzindo e permanecerem relevantes é a luta que marcará este novo tempo.

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JOÃO PAULO TAVARES é advogado, sócio titular de TAVARES VASCONCELLOS ADVOCACIA e presidente da Comissão de Direito do Trabalho da OAB São Caetano do Sul/SP

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